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Live Scenes From New York – Dream Theater (2000)

Dream Theater - Live Scenes From New York | Discoteca Básica

Tem um compadre meu que me torra as paciências com o Dream Theater, mas ele se esquece que a culpa é dele, pois afinal foi o @brenosantosrosa que me apresentou pelo DT pela primeira vez. Na verdade eu conheci a banda lá por 1992/1993, quando o que mais tocava na rádio era a “Another Day”, do “Images and Words”, de 1992. Ainda com Kevin Moore nos teclados. Lembro que o locutor tirava um sarro e falava algo assim: “Se você quiser ouvir essa música de novo, ligue pra gente e fale assim: ‘Quero ouvir o Kenny G metaleiro!’ ”.

Pois é! Por que na faixa tem um saxofonista chamado Jay Beckenstein, que não por acaso é dono do Beartracks Studios, o estúdio onde foi gravado o “Image and Words” e também o “Metropolis Pt. 2 – Scenes from a memory”. E é da versão ao vivo desse trabalho que nós vamos falar: “Live Scenes from New York”, que também é chamado “Metropolis 2000 – Scenes from New York”, por conta do nome da turnê que rodou por aí. O “Live Scenes…” marca a entrada do Jordan Rudess no lugar de Derek Shrenian, que foi demitido da banda. Reza a lenda que Portnoy e Derek tinham um problema sério de bebidas e isso fez com que Portnoy chutasse o cara da banda. Bom, pelo menos foi o que eu ouvi.

O “Live Scenes …” é, talvez o maior registro ao vivo do Dream Theater, já que o álbum rendeu um CD triplo e um DVD. O “Metropolis Pt. 2…” é tocado na íntegra e mais pra frente emenda com várias faixas dos outros álbuns de estúdio e ainda com 1 faixa do Liquid Tension Experiment e uma faixa que é uma salada mista de LTE e DT. Bem legal, por sinal! E as duas últimas faixas estão entre as prediletas da casa, que são “Learning to Live”, com cerca de 14min de duração, e, “A Change of Seasons”, com quase 25min de duração. E ao final do show, com mais de 3hs de duração,  James LaBrie ainda solta um “Sorry for the short set”, algo como “Desculpe por um set pequeno!”.

A vontade que eu tive de escrever a respeito deste álbum, vem um pouco sobre o mini-documentário “The Spirit Carries On”, que além de ser o nome de uma das faixas lindamente cantada por Theresa Thomason, duetando com LaBrie, trás os testes com vários bateristas para preencher o lugar de Mike Portnoy que abandonou a banda em 2010, mesmo ano que eles estiveram aqui na minha cidade para uma apresentação, e aí sim, com um setlist curto pra dedéu!

O que ocorre é que uma das faixas que os aspirantes a novo baterista da banda tinham que tocar era “The Dance of Eternity”, que era considerado pela banda uma das músicas mais difíceis compostas pela banda. Mike Portnoy quando compôs a parte da bateria estava inspiradíssimo e deixou essa encrenca para os candidatos, entre eles, Virgil Donatti (Planet X), o brasileiro Aquiles Priester (Angra) e o vencedor Mike Mangini. No documentário eles deixaram bem claro: “Se você conseguir tocar essa faixa na íntegra, você tem grandes chances de entrar na banda!”. Ou seja, pra você entrar na banda, você teria que saber tocar essa música.

Já sei! Você é daqueles que gosta de fazer um air drum, assim como eu, vai sentir na pele o que é tocar essa faixa. Se bateristas como Aquiles e Virgil não conseguiram entrar na banda, imagine eu ou você tentando tocar na bateria imaginária. Tentei! Tentei sim! Em uma bateria num estúdio daqui. E a experiência foi única e frustrante. Não é bem assim que as coisas acontecem. Tem que ter estudo, tem que ter vontade e tem que estar focado. E principalmente tem que ter a música circulando nas suas veias. Tocar por tocar, qualquer um toca. Tocar guitarra é diferente de ser um guitarrista, assim como tocar bateria é bem diferente de ser um grande baterista, e assim é com o baixo, com o teclado ou qualquer outro instrumento que você goste!

Bom, as outras faixas do álbum mostram aquilo que os fãs bem conhecem dos componentes da banda. John Myung é o japonês mais esquisito que eu conheci na vida. O que ele tem de virtuoso, tem de timidez! James LaBrie faz um pouco a característica do front-man da banda, ainda que tenha algumas ressalvas. Jordan Rudess, entra para a banda a partir deste álbum e posso dizer que eu sou um grande crítico reclamão do trabalho dele. É inegável a contribuição dele para a banda, mas não curto a influência lírica que ele levou para a banda, mas é só uma opinião, porém, ele somou com a banda e amadureceu bastante.

Dream Theater | Discoteca Básica

Sobra o Petrucci, que não preciso dizer nadica de nada a respeito do rapazote, assim como Portnoy dispensa apresentações, apesar de eu achar que com a saída dele da banda, vai junto a alma do Dream Theater, mas como disse antes, é uma opinião. Mangini e Rudess contribuem bastante para a atual formação da banda, compondo trabalhos inesquecíveis como “The Enemy Inside”, mas que detonam com o brilho da banda criando trabalhos de gosto duvidoso, como o “The Astonishing”.

Esse álbum tem algumas considerações que fazem dele, uma álbum bastante especial, controverso e polêmico. Primeiro que eles escolheram a data de 11 de Setembro de 2001, para fazer o lançamento, mal sabiam eles que essa se tornaria a data em que os Estados Unidos foram atingidos direto em seu coração, que foi o ataque terrorista às torres gêmeas do World Trade Center, em Nova York. Não por acaso, a capa que estava nos discos que já estavam nas lojas traziam uma silhueta das torres gêmeas rodeadas por uma maça pegando fogo, quase que prevendo o que ia acontecer logo depois. A maçã tem a ver com o apelido que a cidade leva: “The Big Apple”. As cópias tiveram que ser recolhidas às pressas e então a maçã foi substituída pela marca da banda. Nova York também é a cidade onde a banda nasceu, tanto que no final do show, Mike Portnoy solta em alto e bom som “There’s no place like home!”, ou “não existe lugar como nossa casa!”

Portnoy, em uma declaração, conta que logo após o show, ele teve uma sipituca e pof! Deu de cara no chão! “Eu desmaiei devido ao excesso de cansaço, desidratação, estresse, pouca comida e nutrição, muitos Red Bulls, etc. Vomitei por várias horas seguidas, tive que ser embrulhado em cobertores e deitar um pouco antes de eu sair de lá!”. 3hs tocando, não deve ser nada fácil.

Live Scenes From New York - Capa | Discoteca BásicaEsse é um álbum que, na minha opinião, mostra bem a essência de uma banda em processo de amadurecimento. Em seguida viriam alguns álbuns de estúdio, que se tornaram grandes trabalhos, como “Six Degrees of Inner Turbulence”, “Train of Thought”, “Octavarium” e “Black Clouds & Silver Linings”, na fase com Portnoy. Na fase com Mangini, me limito a dizer que o “Dream Theater”, de 2013, é um bom trabalho e mostra um lado beeeem mais pesado da banda. Ouça bem a “False Awakening Suite” e veja se ela não lembra a introdução da faixa de  “The Odyssey”, do Symphony X, de 2002. Aliás, é uma belíssima faixa! Curto Muito.

Bom, só me resta dizer para que você ouça o “Live Scenes From New York” e procure ouvir de ponta a ponta sem interrupções. É uma boa viagem!

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