Matéria publicada em: 25/07/2017
A música brasileira (sem o popular mesmo) ganha um capítulo à parte nesta coluna. Muita coisa boa existe por aí, desde os músicos mais antigos como Nelson do Cavaquinho, Lupcínio Rodrigues e Cartola, até a já cult Céu, Anelise Assumpção e a conceitualíssima banda Metá Metá. Aliás, nos últimos 10 ou 15 anos, a música brasileira sofreu uma transformação bem grande, onde os consagrados estão aos poucos cedendo lugar aos novos, mas sem perder sua majestade.
Eu cresci num ambiente onde a MPB era lei em casa. Caetano, Chico, Gil, Bethânia, Gal, Ivan Lins, Milton e Elis eram ouvidos em peso pela minha mãe e minhas irmãs, quase que como um mantra. Naquela época, final dos anos 70 e início dos anos 80, os discos de vinil eram mais baratos e então, mais fácil de comprá-los. Assim, fazer uma coleção desses artistas era obrigatório. Eles (os discos) ainda existem e estão guardados lá em casa. De tempos em tempos, eu organizo, limpo e os mantenho vivos e tocando na minha vitrolinha.
Com destaque especial para Elis Regina, Milton Nascimento e Chico Buarque, e em meio ao romantismo, suas letras eram, em sua maioria, críticas ao então governo daquelas décadas. Pra mim, quando Caetano se exilou em Londres, nada mais era que uma viagem em turnê pela Europa. Ou então o Geraldo Vandré tinha que ir embora porque não queria esperar acontecer. Acontecer o quê? Tive que viver mais alguns anos até entender tudo!
Já vindo pras décadas mais recentes como anos 90, 2000 e 2010, aos poucos foram surgindo novos artistas que iam comendo o mingau pela beirada. Zélia Duncan, Paula Lima, Marisa Monte são alguns desses artistas. Tenho um grande amigo, que sempre que me encontra me diz mais ou menos assim: “Me lembro muito bem, quando você chegou com o CD da Zélia e falou que ela ia brilhar!” E foi assim no lançamento do seu primeiro disco e nos dois próximos.
A primeira vez que ouvi a Paula Lima foi quando ela fez uma participação especial em uma faixa do Funk Como Le Gusta! Samba rock de categoria associado à gafieira, que é bom pra quem gosta de dançar. Acabei comprando os três primeiros discos. Vale muito a pena ouvir essa menina!
Marisa Monte dispensa apresentações. Tenho o “Verde, Anil, Amarelo, Cor-de-Rosa e Carvão”, terceiro disco e que talvez seja um dos melhores de sua carreira e vem recheado de participações especiais como Arnaldo Antunes, Paulinho da Viola, Laurie Anderson e algumas versões de músicas de Jamelão e Jorge Ben Jor.
Outra turminha da boa é a quem vem construindo um cenário mais conceitual contemporâneo e menos dramático, com influências majestosas. Falo de Marcelo Jeneci, Tulipa Ruiz, Otto, Silva, Céu, Do Amor, entre outros. É muito bom ouvir essa moçada. Marcelo Jeneci se mostra um belo e importantíssimo compositor, que além de tocar piano e violão, ele dedilha com maestria o acordeom que ganhou do Dominguinhos. Os dois primeiros discos da Tulipinha são sensacionais, com músicas como “Efêmera”, “Sushi” e uma participação especial do Criolo em “Só Sei Dançar com Você”. Já no seu segundo trabalho tem uma participação muito especial de Lulu Santos.
Apontando os holofotes pro rock-pop-brazuca, nem preciso falar de Legião, Paralamas, Titãs, Engenheiros e Nenhum de Nós, que pavimentaram suas estradas lá no meio dos anos 80. Há alguns menos conhecidos como Uns e Outros, Autoramas, Macaco Bong e Silva. O Silva é um cara da safra mais nova, mas que tem uma gigantesca influência dos anos 80. A sonoridade dos seus discos vez ou outra lembram as bandas daquela década, principalmente nos timbres usados nos seus teclados. Bom de ouvir! O Macaco Bong é um power trio que mantém os dedos ligados na tomada de 220V e que faz um som instrumental meio-metal-meio-stoner, que vai te deixar com os cabelos em pé!
Vem cá… Você já ouviu Dônica? Molecada progressiva da boa, com altíssima influência da turma mineira dos anos 70 e 80 e seu Clube da Esquina. E Boogarins? Banda Goianiense de psicodelia pura. Recomendo!
Bom, no final das contas, tudo o que o Brasil produz é bom. Não é porque é uma Anitta, Michel Teló, Fernando & Sorocaba ou um Alexandre Pires que não é coisa boa! Não costumo ouvir, mas eles têm o seu público fiel, talvez até maior que o público da Legião Urbana e tem o seu espaço na calçada da fama. Esse balaio também vai ganhar a sua playlist. Aguarde!
Se você já está seguindo o Discoteca Básica no Spotify ou no Deezer, já notou que a DB-Play#002 já está lá.
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Um abraço e boa viagem!
Nota do Autor: Alguns colaboradores reclamaram que não conseguiram encontrar as playlists no streammers. Elas estão lá, mas não estão sendo achadas pela pesquisa do aplicativos. Então, seguindo uma ideia do Jayme, criei QR-Codes, para um acesso mais rápido. Basta ter um aplicativo de QR-Code instalado em seu smartphone e apontar a câmera para o código. Daí em diante o aplicativo faz o resto.